Todo fim é um começo… assim nasce a obra Razão Sensível e Complexidade na Formação de Professores: Desafios Transdisciplinares, tecida por várias mãos e acolhida por muitos corações, como as experiências de sentir-pensar que vivemos no decorrer dos dois anos da Primeira Turma do curso de Pós-graduação Lato Sensu Transdisciplinaridade e Interdisciplinaridade na Educação, realizado na Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Inhumas.
Cada capítulo desse livro traz um traçado daquilo que os autores realizaram como professores, motivados pela temática de cada eixo do currículo do referido curso, que contribui para a confecção desse produto que espera inspirar e motivar outras pessoas envolvidas com a docência.
No capítulo Pesquisa de natureza complexa e transdisciplinar na formação de professores, Marilza Vanessa Rosa Suanno e Yara Fonseca de Oliveira e Silva apresentaram reflexões e fundamentações sobre pesquisa científica, que orientaram o processo de produção dos Trabalhos de Conclusão de Curso. O capítulo contempla considerações sobre pesquisa e suas interfaces com a complexidade, a transdisciplinaridade, a subjetividade, a abordagem qualitativa, o Método antimétodo da Complexidade (SUANNO, 2015), a pesquisa (auto)biográfica e a história de vida/formação/trabalho docente no processo de elaboração dos referidos trabalhos.
O capítulo A educação numa perspectiva transdisciplinar: uma articulação entre a literatura, a história, a memória, o tempo e o espaço, de Alessandra Grangeiro, tem como objetivo apresentar algumas reflexões no que diz respeito ao ensino da Literatura no Ensino Superior. A autora propõe algumas reflexões sobre a relação entre literatura, história, memória, tempo e espaço. Para isso, utiliza algumas obras de William Faulkner que fazem parte da saga de Yoknapatawpha, que evidencia as transformações sociais nesse espaço. Portanto, nessa ficção, podem ser exploradas as dimensões histórica, econômica e sociológica da sociedade, especialmente, as do sul dos Estados Unidos. Dessa forma, os conceitos de subjetividade, tempo, memória, espaço e história serão construídos a partir de olhares distintos, pois distintos são os sujeitos, docente e discentes, envolvidos nesse processo de aprendizagem.
No terceiro capítulo, Os sete saberes na sala de aula: ressignificando práticas pedagógicas, as autoras Valéria Rosa da Silva e Carla Conti de Freitas apresentam e discutem propostas de práticas pedagógicas inspiradas nos Sete Saberes Necessários à Educação. Recorrendo às variadas linguagens, as autoras apresentam o referencial teórico que subjaz às práticas pedagógicas apresentadas, defendendo que considerar os sete saberes no cotidiano da sala de aula possibilita o questionamento de práticas institucionalmente consolidadas. As autoras ressaltam, ainda, que a sala de aula deve ser um espaço que promove a conjugação da cultura científica com a cultura humanística, por meio da religação dos saberes.
O professor João Henrique Suanno traz no capítulo de sua autoria, intitulado Emoção, Cognição e Corporeidade: os sete saberes necessários à educação do futuro na sala de aula do presente, uma aproximação à prática pedagógica dos Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, apresentados por Edgar Morin, com propostas de ações que seguem essa temática para com alunos e também com toda a equipe pedagógica da escola, que podem ser realizadas em um encontro pedagógico de planejamento, por exemplo. As ações propostas visam o trabalho dos três aspectos título do capítulo: a emoção, a cognição e a corporeidade. O objetivo é, então, contribuir para que o professor possa se sentir mais tranquilo para elaborar suas próprias estratégias de ação a partir do que vai encontrar no texto, sabendo que cada um, nesse caso o professor, tem o seu jeito de fazer acontecer a magia do ensino e da aprendizagem.
O capítulo Educação e Diversidade: uma relação de alteridade nas práticas escolares aborda a necessidade de ressignificação das práticas educacionais, que ainda são orientadas por um pensamento padronizador, homogeneizador e monocultural. As autoras, Marlene Reis e Cristiane Rosa Lopes, apontam a diversidade e o exercício da alteridade como eixos centrais na construção de um novo paradigma educacional, que venha favorecer a formação de sujeitos capazes de dialogar com as diversidades que caracterizam o ser humano nas suas diferentes dimensões. Neste sentido, discutem a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade como perspectivas epistemológicas e metodológicas indispensáveis para a construção desse novo paradigma educacional, que deve proporcionar interações criativas, solidárias e éticas entre as diferenças presentes nos contextos escolares.
Inovação e criatividade no campo da docência: desafios e possibilidades de ruptura com o paradigma tradicional, das autoras Lindalva Pessoni Santos e Cláudia do Nascimento apresenta reflexões acerca dos fundamentos teórico-práticos da inovação e da criatividade vivenciada por essa turma. A proposta do curso foi de religar as diferentes dimensões da vida e as diferentes dimensões constitutivas do ser humano que foram fragmentadas pelo paradigma tradicional. Contrapondo a essa lógica, o que se analisou no eixo Relato de experiências educacionais contemporâneas foi a possibilidade de elaborar práticas educativas que rompam com este paradigma por meio dos fundamentos teórico-práticos da criatividade e da inovação.
O capítulo Cine Formação: transdisciplinaridade e interdisciplinaridade na relação entre cinema e educação descreve as contribuições do eixo Cine Formação para alunos do curso e para a comunidade. Apresenta, ainda, uma discussão sobre transdisciplinaridade e interdisciplinaridade na educação; um conceito de cinema como “sétima arte”; análises fílmicas, bem como possíveis procedimentos para a realização destas; e, contribuições do cinema para a formação acadêmica, profissional e pessoal.
O capítulo Um diálogo transdisciplinar entre a pedagogia e a geografia sobre a formação de educadores ambientais, de Lívia Costa Andrade, busca esclarecer sobre a necessidade cada vez mais iminente sobre a formação de educadores ambientais conscientes e bem preparados didaticamente para contribuir com o rompimento deste paradigma separatista em que se encontra imersa nossa sociedade contemporânea. Não há mais como adiar a tão sonhada transformação planetária, almejada por todos nós, mas para tanto, há que se ter uma ação efetiva que possibilite tal mudança. Dessa forma, é estabelecido aqui, um diálogo entre pesquisadores das áreas da Geografia e da Pedagogia, sob uma ótica transdisciplinar, buscando uma articulação de ideias e propostas de efetivação para que estes educadores possam ter bases sólidas em sua formação acadêmica, visando conscientização e ação, para que em suas profissões, tornem-se agentes de transformação educacional e consequentemente social. Esta é uma proposta pautada trajetória profissional e acadêmica da autora, que almeja trazer uma contribuição à inserção da transdisciplinaridade nas Instituições de Ensino Superior.
Ana Paula da Costa Oliveira e Abadia de Lourdes da Cunha, no capítulo A sustentabilidade e a política nacional de resíduos sólidos, sugerem que nos dias atuais a palavra “Sustentabilidade” faz parte do nosso cotidiano, seja em noticiários, em bate papo com amigos, nas escolas. E questionam: Mas, afinal de contas, o que é sustentabilidade? O que significa na prática a sustentabilidade? A preocupação com o desenvolvimento sustentável em consonância com o cumprimento das normativas legais representam a possibilidade de garantir mudanças no cidadão e a formação de uma consciência ambiental que fundamenta-se na nova ética ecológica, em que um sujeito bem informado e consciente, torna-se exemplo para aqueles que ainda não desenvolveram essa atitude.
Em Ressignificando os paradigmas da Educação Física, Maria Cristina de Freitas Bonetti e Poliana Cristina da Silva discutem a prática do docente da Educação Física que foi o principal foco de interesse para propor práticas educativas transdisciplinares. O estudo das autoras visa analisar, principalmente, o que diz respeito à cultura corporal de movimento, em seus aspectos do desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, aliados à arte da cultura popular e demonstrar a importância de desenvolver práticas corporais diversificadas, abrangendo diferentes habilidades e as mesmas devem estar em consonância com as teorias da Complexidade e da Transdisciplinaridade.
No capítulo Aspectos inovativos do curso de pós-graduação lato sensu em transdisciplinaridade e interdisciplinaridade na educação e suas contribuições para a formação, Carla Conti de Freitas, Patricia Maria Ferreira e Valéria Rosa da Silva apresentam o que consideram como aspectos inovativos do curso, destacando a inter-relação entre as atividades sugeridas. Para isso, trazem os relatos dos alunos construídos após experiências oferecidas pelo curso por meio de seus eixos, possibilitando uma reflexão acerca da contribuição do curso tanto para a criação e disseminação de conhecimento quanto para formação transdisciplinar dos professores, destacando a necessidade de a universidade se reinventar em propostas simples, porém inovadoras.
Esta obra marca o encerramento da Primeira turma e abre outras possibilidades, entre elas a de tornar público o trabalho realizado e a de contribuir com estudos sobre complexidade e transdisciplinaridade na educação.