Por Carla Conti / Créditos da foto: Seduc
Repensar a docência tem sido a premissa fundamental dos cursos de Especialização em Docência Universitária, que permitiram uma revisão do papel docente no ensino superior. E isso possibilitou refletir, também, sobre a atuação do professor da educação básica, assim como a relação entre os dois níveis de ensino.
Os pressupostos para a formação do professor da educação básica constam na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, que define dois fundamentos para que o profissional da educação atenda aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades do ensino: a associação entre teorias e práticas; e o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.
A partir da compreensão desses aspectos, a formação dos professores da educação básica, realizada nas universidades, busca elaborar e desenvolver ações que possibilitem a relação entre teoria e prática e, consequentemente, a melhor compreensão da atuação profissional. Dessa forma, entendemos que a formação do professor para a educação básica exige também uma constante avaliação do processo de formação do professor de ensino superior, especialmente os dos cursos de licenciatura.
A finalidade do ensino superior é estimular a criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, assim como incentivar a pesquisa, suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento profissional e estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais. Fora isso, também cabe ao ensino superior prestar serviços especializados à comunidade, estabelecendo com ela uma relação de reciprocidade. É o que nos diz a Lei de Diretrizes e Bases.
Assim, ao considerarmos isso, a proposta pedagógica desenvolvida nos cursos, especialmente os de licenciatura, deve definir não apenas os conceitos teóricos condizentes com o exigido, como também a adequação à comunidade, pois o desenvolvimento da proposta pedagógica de cada curso implica na habilidade de professores e alunos em relacionar teoria e prática e a formação do ser humano, seja ele criança, jovem ou adulto.
Para isso, a proposta pedagógica deve ser construída de forma coletiva pelos integrantes dos cursos superiores, a fim de superar a fragmentação curricular, visto que transformações ocorrem na prática docente à medida que os professores ampliam sua consciência sobre o próprio o trabalho. E essa compreensão diferenciada do processo de ensino estabelece uma relação de reciprocidade entre os professores e os alunos.
É esse movimento de interação entre professores formadores e professores em formação que possibilita uma organização transdisciplinar, algo que pode ampliar a visão de mundo e a capacidade de formar integralmente o ser humano, papel que cabe ao docente de todos os níveis do ensino.