Por Carla Conti / Créditos da Foto: Shutterstock
A responsabilidade do ensino superior com a sustentabilidade da vida apresenta-se como fundamental para a formação de novos profissionais nas diversas áreas. A preocupação com a formação nesse nível de ensino inclui a formação humana e consciente e não apenas técnica. Logo, é urgente que tenhamos uma concepção de educação e formação do adulto que transforme a realidade e o lugar onde vive, buscando harmonia e desenvolvimento coletivo.
Tal concepção passa pelos pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Por isso, consideramos fundamental a compreensão das noções de solidariedade e de cidadania como condição para que o ser humano desenvolva a consciência coletiva de cuidado consigo e com os outros. Cabe à educação, portanto, reencontrar esse caminho, uma vez que essas noções têm sido colocadas em segundo plano.
É importante percebermos que a educação no século XXI precisa ser compreendida como base para o desenvolvimento da humanidade. Nesse contexto, o ensino superior é essencial para a atual sociedade, pois passa a ser um precioso meio para a conscientização de pessoas e formação de indivíduos, responsáveis em divulgar e propagar as ideias de conhecimento e responsabilidade coletiva, destacando uma concepção autônoma em cada indivíduo.
Em outras palavras, acreditamos que passa pelo ensino superior a tarefa de ampliar a compreensão das pessoas em relação ao planeta e sobre como cada um pode cuidar dele. Assim, é necessário considerarmos a diversidade humana e a sua relação com a educação, que deve considerá-la um aspecto fundamental para a definição de seus propósitos e a compreensão de seu universo.
Diante disso, considerar a sustentabilidade da vida como tema central no ensino superior é propor também que sejam desenvolvidas ações de cunho transdisciplinar, pois possibilitam a discussão de temas relevantes para a vida no planeta e a ação consciente de cada indivíduo. Tratar da sustentabilidade da vida significa tratar das questões que envolvem o desenvolvimento do ser humano em suas diferentes instâncias, promovendo maior consciência de suas necessidades e ampliando as ações que possam contribuir para a manutenção da vida.
Vários documentos podem orientar as ações nesse sentido, como: a Carta da Ecopedagogia (1999), a Carta da Terra (2000) e a Carta da Transdisciplinaridade (2010). Esses documentos incluem a educação e a consideram fundamental no processo de conscientização, sensibilização e formação dos indivíduos. É importante, porém, ressaltarmos a necessidade de construção de uma cultura da sustentabilidade, ou seja, precisamos aprender a estar no planeta, a dividir, a viver.
Essas questões, quando consideradas no âmbito escolar, permitem uma constante reflexão sobre a ação humana na Terra e suas consequências, além de uma esperada conscientização — antropológica, ecológica, cívica terrena e espiritual — para que as mudanças necessárias sejam implementadas, com o objetivo de promover melhores condições de vida a partir das relações estabelecidas nesse ambiente, em qualquer nível de ensino.